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terça-feira, 15 de maio de 2012



Ó amigo e parceiro da noite, tu que te extasias com o ladrar dos cães acuando suas presas, com o sangue vertido, vagueias em meio às sombras passeando entre tumbas, cobiças o sangue e fazes tremer de temor os mortais!
Gorgo, Mormo, a Lua de mil faces, apreciem os nossos sacrifícios.
H. P. Lovecraft
Não temo mais...
os fantasmas que me perseguem.
Eles já fazem parte das minhas noite e tardes.
Convivem comigo em meu cárcere.
Fazem-me companhia
em dias de nuvens negras onde
o sol não brilha.

Na lama, onde atolo minhas poesias,
escureço meu olhar, perco minha alegria,
confesso em meus versos as tristezas dos meus dias

Não temo mais ao confrontar-me comigo,
já me vejo no espelho como assombração
admito...
ser um ser abatido, meio sem cor,
pálido e ferido.

Vou ficando frio...
sem emoções..neste meu vazio.
No oco do meu mundo
vou desfilando letras e compondo
meu absurdo.

O escuro não me aflige mais...
se não tenho estrelas fico apenas
com os vendavais.
Se nem o vento aqui passar, fico apenas
com o silêncio a me silenciar.

Não temo mais a boca seca,
nem as mãos cruzadas,
nem ao arrepio que me chega
em horas desesperadas. Ajoelho-me
e me entrego ao exílio de minhas palavras.

Durmo entre as navalhas...
Acordo entre os punhais.
Tornei-os desprezíveis,
não me cortam nunca mais.


Leni Martins

Sinto-me morta
nesta cruz que me suporta!
Nem mesmo eu sei o que mais me importa!
Se é a tua ausência, ou se é a tua volta!
Neste meu recinto de segredos e labirintos,
vou deixando a máscara cair
Não sei se finjo estar triste,ou se finjo estar feliz.
Neste meu neutro estado de ser,não sei mais o que sentir.

Sinto-me morta 
diante destas horas tortas,
enforcada em uma corda,
sufocada, em coma,imóvel e sórdida.
Neste meu sepulcro,coloco minha vida...
decoro-o com letras e algumas notas de melodia
para aliviar-me desta morteque me mata a cada dia.


Leni Martins